O Eduquês
No Expresso de ontem, da autoria de Henrique Monteiro:
[...] Porque é uma cruz bem mais pesada do que qualquer crucifixo o ataque sistemático que vem sendo feito ao conhecimento científico, ao saber e aos valores.
Vejamos um exemplo esclarecedor: está numa comunicação de João Filipe de Matos, um
dos dirigentes do Centro de Investigação em Educação da Faculdade de Ciências da
Universidade de Lisboa e director da sua «Revista de Educação». Este académico,
responsável pela formação de professores, parte de um princípio claro, recorrendo a uma
citação: «nas sociedades capitalistas, a escola justifica e produz desigualdades».
Por isso, defende que - e cito para que não restem dúvidas - «a disciplina de matemática
deve ser urgentemente eliminada dos currículos do ensino básico». Matos prefere
que se ensine - volto a citar - «educação matemática». Ou seja, o professor tem uma
religião e quer impô-la. E o seu primeiro mandamento é que nada se deve ensinar, salvo
ensinar a aprender.
O mesmo responsável dá exemplos delirantes. Se o casal Silva quer ir do Campo Grande
ao Parque das Nações, com os seus dois filhos, e a viagem de autocarro custa um euro
por bilhete, quanto irá pagar?
Ora a resposta normal seria quatro euros. Mas isso é matemática antiga, cheia de mitos a
que Matos quer pôr um fim. Ao cabo de vários argumentos sociais, ecológicos e políticos,
Matos acha que quatro é muito, porque deveria haver desconto.
EU SEI que para a maioria dos leitores o professor Matos parece fruto da minha
imaginação. Mas não é. Existe e, como ele, existem inúmeros seguidores desta religião
que, um pouco por todo o Ministério da Educação, alastra as suas influências. Não só em
Portugal, mas à volta do mundo. Esta espécie de religião, baseada num incontrolável
relativismo, assentou arraiais na política da educação e criou o seu próprio credo - o
«eduquês».
[...]
Graças a esta religião, de que o prof. João Filipe Matos é um dos mais distintos
hierofantas, os valores, a sabedoria e o conhecimento são constantemente postos em
causa, como se fosse possível educar sem regras, mas apenas com excepções.
A viagem do casal Silva ao Campo Grande é esclarecedora do seu incontrolável relativismo: 4x1 nem sempre são quatro; a resposta certa depende do ponto de vista do observador. E
qual é o ponto de vista do prof. Matos? Lembrem-se da citação inicial: nas sociedades
capitalistas, a escola justifica e produz desigualdades. Ele quer-nos todos iguais,
autómatos de um sistema comandado pelas suas ideias sobre o mundo e a vida. Do seu
lugar da academia, o prof. Matos forma os professores dos nossos filhos. E todos nós
acabamos a carregar a cruz que é a desgraça do seu ensino. Quem nos liberta desta
cruz?
[...] Porque é uma cruz bem mais pesada do que qualquer crucifixo o ataque sistemático que vem sendo feito ao conhecimento científico, ao saber e aos valores.
Vejamos um exemplo esclarecedor: está numa comunicação de João Filipe de Matos, um
dos dirigentes do Centro de Investigação em Educação da Faculdade de Ciências da
Universidade de Lisboa e director da sua «Revista de Educação». Este académico,
responsável pela formação de professores, parte de um princípio claro, recorrendo a uma
citação: «nas sociedades capitalistas, a escola justifica e produz desigualdades».
Por isso, defende que - e cito para que não restem dúvidas - «a disciplina de matemática
deve ser urgentemente eliminada dos currículos do ensino básico». Matos prefere
que se ensine - volto a citar - «educação matemática». Ou seja, o professor tem uma
religião e quer impô-la. E o seu primeiro mandamento é que nada se deve ensinar, salvo
ensinar a aprender.
O mesmo responsável dá exemplos delirantes. Se o casal Silva quer ir do Campo Grande
ao Parque das Nações, com os seus dois filhos, e a viagem de autocarro custa um euro
por bilhete, quanto irá pagar?
Ora a resposta normal seria quatro euros. Mas isso é matemática antiga, cheia de mitos a
que Matos quer pôr um fim. Ao cabo de vários argumentos sociais, ecológicos e políticos,
Matos acha que quatro é muito, porque deveria haver desconto.
EU SEI que para a maioria dos leitores o professor Matos parece fruto da minha
imaginação. Mas não é. Existe e, como ele, existem inúmeros seguidores desta religião
que, um pouco por todo o Ministério da Educação, alastra as suas influências. Não só em
Portugal, mas à volta do mundo. Esta espécie de religião, baseada num incontrolável
relativismo, assentou arraiais na política da educação e criou o seu próprio credo - o
«eduquês».
[...]
Graças a esta religião, de que o prof. João Filipe Matos é um dos mais distintos
hierofantas, os valores, a sabedoria e o conhecimento são constantemente postos em
causa, como se fosse possível educar sem regras, mas apenas com excepções.
A viagem do casal Silva ao Campo Grande é esclarecedora do seu incontrolável relativismo: 4x1 nem sempre são quatro; a resposta certa depende do ponto de vista do observador. E
qual é o ponto de vista do prof. Matos? Lembrem-se da citação inicial: nas sociedades
capitalistas, a escola justifica e produz desigualdades. Ele quer-nos todos iguais,
autómatos de um sistema comandado pelas suas ideias sobre o mundo e a vida. Do seu
lugar da academia, o prof. Matos forma os professores dos nossos filhos. E todos nós
acabamos a carregar a cruz que é a desgraça do seu ensino. Quem nos liberta desta
cruz?
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