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terça-feira, outubro 24, 2006

Palavras para quê? É um artista português...

APRESENTAÇÃO DO LIVRO

A GRAMÁTICA DO TEMPO: PARA UMA NOVA CULTURA POLÍTICA
Boaventura de Sousa Santos
30 de Outubro, 21:00h, Livraria Almedina, Estádio da Cidade de Coimbra, entrada livre


A Colecção
Para um Novo Senso Comum: A Ciência, o Direito e a Política na Transição Paradigmática
O autor considera que as sociedades e as culturas contemporâneas são intervalares: situam-se no trânsito entre o paradigma da modernidade, cuja falência é cada vez mais visível, e um paradigma emergente ainda difícil de identificar. Esta transição tem duas dimensões principais: uma epistemológica e outra societal. A transição epistemológica ocorre entre o paradigma da ciência moderna (conhecimento-regulação) e o paradigma emergente do conhecimento prudente para uma vida decente (conhecimento-emancipação).
A transição societal, menos visível, ocorre entre o paradigma dominante - sociedade patriarcal; produção capitalista, consumismo individualista e mercadorizado; identidades-fortaleza; democracia autoritária; desenvolvimento global, desigual e excludente - e um novo paradigma, ou conjunto de paradigmas, de que apenas podemos vislumbrar sinais. A argumentação centra-se em três grandes campos analíticos: a ciência, o direito e o poder.
O objectivo desta colecção é desenvolver epistemologias e teorias sociais que ponham travão à proliferação da razão cínica, que alimentem o inconformismo contra a injustiça e a opressão e, por fim, que permitam reinventar os caminhos da emancipação social. Para subverter a hegemonia de que ainda usufruem a ciência e o direito modernos, recorre-se frequentemente a uma tradição marginalizada da modernidade, o pensamento utópico.

4º Volume
A Gramática do Tempo: Para uma Nova Cultura Política

Este volume trata da reconstrução da tensão entre regulação social e emancipação social como condição para voltar a pensar e querer a transformação social emancipatória. Com base no que é designado por «epistemologia do Sul», propõe-se um pensamento alternativo de alternativas. Ante o colapso do contrato social da modernidade ocidental capitalista e colonial e a proliferação de fascismos sociais, é necessário reinventar a democracia, a cultura política e o próprio Estado. Em alternativa à democracia de baixa intensidade que hoje domina são propostas formas de democracia de alta intensidade através das quais é possível expandir os espaços públicos, tanto estatais como não estatais. As análises neste volume centram-se em articulações entre os espaço-tempo local, nacional e global.

O Autor
Boaventura de Sousa Santos nasceu em Coimbra, a 15 de Novembro de 1940. Doutorado em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale (1973). Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Universidade de Wisconsin-Madison.

Director do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Unversidade de Coimbra. Director do Centro de Documentação 25 de Abril da mesma Universidade.

Prémio de Ensaio Pen Clube Português, 1994; Prémio Gulbenkian de Ciência, 1996; Prémio Bordalo da Imprensa - Ciências, 1997; Prémio JABUTI (Brasil) - Área de Ciências Humanas e Educação, 2001; Prémio «Reconocimiento al Mérito», concedido pela Universidade veracruzana, México, 2005; Prémio de Ensaio Ezequiel Martínez Estrada 2006, da Casa de las Américas, Cuba, 2006.

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quinta-feira, setembro 28, 2006

O acordo da justiça

Do Público de hoje:

Novas perícias às testemunhas do processo Casa Pia


"A juíza Ana Peres entregou ontem um despacho no qual pede que sejam efectuadas novas perícias às testemunhas de acusação para avaliar a sua capacidade de prestar testemunho.

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Miguel Matias, advogado dos ex-alunos da Casa Pia, manifestou-se surpreso à saída do julgamento, que continua a realizar-se à porta fechada. "Reajo com alguma surpresa, terei de falar com os meus clientes para saber qual a sua disponibilidade para serem novamente avaliados." Matias sublinhou ainda que "os jovens já sofreram várias perícias" e que as testemunhas já depuseram em tribunal, "algumas há mais de um mês".

O advogado não põe sequer a hipótese de os peritos da Universidade do Minho virem a declarar a incapacidade de prestar testemunho dos jovens. "Não coloco a hipótese, nem sequer a nível académico ", afirmou. Miguel Matias frisou aos jornalistas que os jovens são "seres humanos vitimizados" e que novas perícias constituem "mais uma violência".

O defensor de Carlos Silvino, José Maria Martins, também se mostrou surpreendido, porque se trata de pessoas que "já prestaram testemunho". O advogado considerou ainda que novas perícias vão atrasar o julgamento e que não contribuem para o normal desenrolar da justiça. "Não me parece bom para a justiça submeter os jovens a mais perícias."

A juíza justificou a escolha do Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho por ser uma entidade nova, diferente da que realizou os exames médico-legais feitos pelo Instituto de Medicina Legal. "

Bem me queria parecer que o acordo significa que os pedófilos (e os douradores de apitos) não vão para a cadeia...
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quarta-feira, setembro 27, 2006

Ópera retirada em Berlim por receio de ataques islâmicos

Do Público de hoje (texto completo aqui):

"Pode a ópera de Mozart ferir sensibilidades do mundo islâmico? A Deutsche Oper em Berlim parece acreditar que sim e suprimiu do programa para esta temporada a exibição da ópera Idomeneo Rei de Creta, escrita pelo compositor austríaco aos 24 anos, em 1781.

O que motivou esta decisão da directora da instituição, Kirstin Harms, anunciada segunda-feira, é o receio de não poder garantir a segurança dos intérpretes e dos 2 mil espectadores previstos. Em Julho, a polícia criminal de Berlim alertou o Senado da cidade para a eventualidade de "acções de fundo terrorista" durante as exibições de Idomeneo.

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o presidente do Conselho do Islão, Ali Kizilkaya, saudou o cancelamento e propôs alterações à encenação. "

Viva a censura!
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quinta-feira, setembro 21, 2006

Ainda o caso do Papa.

No Público de hoje há dis textos interessantes sobre o caso do Papa e a nova censura.
Pacheco Pereira escreve (texto completo aqui):

"A frase que devia verdadeiramente irritar os fundamentalistas muçulmanos não é a que citaram, mas outra, do mesmo imperador: "Não agir segundo a razão, não agir segundo o logos, é contrário à vontade de Deus". Esta sim, pode ser entendida como um ataque ao islão de hoje, porque resulta expressamente do desenvolvimento do pensamento do Papa que com ela se identifica."

Do artigo de Anna Applebaum (texto completo aqui):

"Os fanáticos que atacam o Papa já limitaram esse direito à liberdade de expressão aos seus próprios seguidores. Não vejo por que deveríamos deixá-los limitar também o nosso direito à liberdade de expressão."

Infelizmente são poucos a remar contra a maré da autocensura e capitulação...
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terça-feira, setembro 19, 2006

Chirac le fou

Do Público de hoje (texto integral aqui):

"Não acredito numa solução sem diálogo", explicou o Presidente Chirac.
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Jacques Chirac só encara a hipótese de sanções "moderadas e adaptadas" em último recurso, caso o diálogo venha a ser "infrutífero".

Após tanta desconversa e 17 anos a enganar a ONU, esta atitude de Chirac fica bem a quem construiu a central nuclear de Saddam.
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Papa incendiário, ou "quem tem cu tem medo"?

Hoje no Público, de um artigo de José Vítor Malheiros (texto completo aqui), cito:

...o Papa Bento XVI não pode dizer o que disse em Ratisbona. As suas palavras, se foram medidas, mostram-nos um papa calculistamente incendiário e apostado em alimentar e liderar um conflito de religiões.

É evidente que isso [a agressividade dos radicais islâmicos] também existiu no mundo cristão - as conversões à espadeirada, os massacres de "infiéis", os autos-de-fé e a Inquisição (cuja versão modernizada Ratzinger dirigiu) são páginas negras da história "ocidental" e é verdade que continua a haver quem faça do cristianismo uma leitura retrógrada, fundamentalista e agressiva (certos evangelistas norte-americanos são um exemplo).

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não se pode pôr de lado a acção política e deixar de tentar compreender o fenómeno do terrorismo para erradicar as suas causas e para dissolver a base de recrutamento dos terroristas.

Mais um advogado da censura em nome da irritação islâmica.

Na minha terra percebe-se logo o que se passa aqui: quem tem cu tem medo. E o medo é mau conselheiro; onde era necessário estar firme vemos proliferar um sem número de posições, como dizer?, de cócoras. (Nem todas!)

Haverá mensagem mais clara a enviar aos bombistas para lhes mostrar que o crime compensa?

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segunda-feira, setembro 18, 2006

Papa-Sion-USA- ...

Do Tehran Times, cito (texto completo aqui):

Supreme Leader of the Islamic Revolution Ayatollah Seyyed Ali Khamenei said here on Monday that Pope Benedict XVI’s offensive remarks were part of a U.S.-Israeli conspiracy to create a conflict between religions.

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"The issue of the insulting cartoons and the remarks of some U.S. politicians about Islam are different links in the chain of conspiracy to begin a crusade, and the Pope's remarks are the latest link in this chain," he added.

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“Islamic jihad is not imposing one’s ideas on others. Rather, it is a liberation campaign pitting nations against the powers that enslave people,” the Leader said.

O texto do Papa está aqui, para quem quiser. Ver também o post do Lino, no Falta de Tempo.

Vai ser uma tragédia hilariante ver até que ponto vamos permitir o avanço da censura, e que argumentos vamos inventar para pactuar com ela...
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quinta-feira, setembro 14, 2006

O Regresso à Aritmética

Do Público de hoje, cito José Manuel fernandes (texto completo aqui):

"Um relatório americano acaba de propor um regresso às origens no ensino da Matemática.
O que passa por ensinar bem aritmética e valorizar tanto a tabuada como divisões com números decimais. Sem a ajuda de máquinas calculadoras

Em 1989, o Conselho Nacional dos Professores de Matemática dos Estados Unidos produziu uma recomendação sobre a forma como a disciplina devia ser ensinada que, entre outros pontos polémicos, aconselhava a que as crianças fossem ensinadas a utilizar máquinas de calcular logo no pré-escolar ou mesmo nos jardins-de-infância.

Operações aritméticas simples, como dividir 120 por 40, deviam ser resolvidas não pelos métodos clássicos, mas fazendo as crianças "descobrir" a solução utilizando conjuntos de círculos."

Quando esta mudança vem do farol do eduquês (NCTM), apetece gritar: Ainda há esperança!

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