O Jornal de Letras de 19/1/2005 contém um artigo, não assinado, sobre Boaventura de Sousa Santos (BSS) (
Escrita INKZ, no Brasil).
Na introdução ficamos a saber que BSS é um cientista social com uma vastíssima obra, conhecido e respeitado aquém e além fronteiras. Passo a citar:
"Com tanta obra e tanta acção, BSS, naturalmente, também suscita controvérsias, despeitos ou até «ódios de estimação». Até pelo seu assumido posicionamento político, embora não partidário, e pelo papel que desempenha, aqui e no estrangeiro, quer a nível universitário, quer no âmbito de iniciativas com o âmbito e o "fôlego" do Forum de Porto Alegre. E tudo isto contribuiu para que seja
apagada ou objecto de «análises» que não têm nada a ver com a literatura uma sua outra vertente, de que aliás não costuma falar: a de autor de livros de poemas, editados sobretudo pela Afrontamento, do Porto."
É curioso como esta apologia de BSS encerra uma referência velada a
Maria Filomena Mónica, para além de implicar, como é costume entre os defensores de BSS, que quem o critica é malta pouco culta ou de direita.
Escrita INKZ, é este o nome da obra poética de BSS agora editada no Brasil. (INKZ é para ler INkapaZ). Enquanto não nos chega um exemplar, ficamos com as palavras que o autor escreveu no prefácio (
Desfácio):
"A Escrita INKZ pretende pôr a arte em movimento, mas para isso tem de se anti-mover. Caso contrário, transformar-se-ia ela própria em mais um movimento artístico e, como todos os outros anteriores, impediria outros movimentos alternativos de emergirem e se moverem. Daí o caracter sacrificial da escrita INKZ: não se move para que tudo o mais se mova."
Olé! Até os movimentos artísticos são infinitamente altruístas em BSS...
O ministro da cultura brasileiro, Gilberto Gil, que escreve na «orelha» do livro, não tem dúvidas:
"A inteligência vária e o génio múltiplo nem sempre estão em muitos. Eis aqui um caso em que estão num só: na plétora de potências de um só indivíduo."
Isto é o que se chama reconhecer as Kcidades de BSS...